Descrição
Neste breve texto, deliberadamente de caráter ensaístico, pretendemos exaltar sempre a figura do poeta, não somente a figura de Luís Serguilha, cuja poesia é aqui nosso objeto, mas a partir dele, chegarmos ao poeta como entidade que nos presenteia ao longo dos séculos com o ato sublime de revirar as dobras do tempo, da história e da memória, para revelar seus guardados, expor, em forma de linguagem, em estado de pura graça, os achados capazes de nos afetar e transformar em nossa experiência humano-existencial. Pretendemos também exaltar a poesia, essa estranha e necessária arte que tem origem inalcançável e habita o núcleo da palavra, os ecos do silêncio, rizomáticas por excelência, calcificando-se desde a pré-fala, a traduzir o intraduzível impregnado em suas entranhas. Dessa forma, nossa apreciação busca reunir em um só lugar a performance e os papéis do poeta que também é seu próprio leitor qualificado e crítico, posto que sua arte é de natureza plural, ultrapassando as ortodoxias relativas ao gênero e à forma fixa, sendo ela uma manifestação estética que guarda o frescor da contemporaneidade, na qual as múltiplas realizações semiológicas se conjugam potencializando mais e mais o texto artístico, seja ele de qualquer forma sígnica. Assim, percorremos, com brevidade, o texto de Serguilha e daí extraímos pequenas, mas significativas mostras de sua grandeza e complexidade, sendo a um só tempo, uma sequência de poemas que performatiza e trazem a lume, no corpo dessa linguagem, uma encenação multissistêmica, possibilitando ao leitor uma viagem intensa nas águas de sua linguagem carnavalesca e multivocal.
