Descrição
Resumo No período ditatorial stronista a questão da sexualidade aparece recorrentemente como pretexto para legitimar a violência institucional. A heteronormatividade e os discursos biopolíticos formados a partir de um ideal específico de sexualidade foram utilizados para dar forma às práticas institucionais reguladoras das expressões sexuais e de gênero consideradas desviantes. Analisando o código penal, documentos institucionais e periódicos do período, encontramos diversos casos em que o governo deteve pessoas por “questionável conduta moral”, supostos homossexuais foram detidos enquanto o discurso da afirmação da virilidade e o paternalismo do ditador eram proclamados nos discursos oficiais. Nestes casos, o fundamento naturalizante de “família heterossexual” foi utilizado como justificativa para tais perseguições, criando um ambiente de terror contra as expressões sexuais dissidentes, ainda que a homossexualidade nunca tivesse sido criminalizada pelo Código Penal. O presente trabalho busca analisar, a partir do caso 108 y un quemado, de que maneira a ditadura stronista no Paraguai atentou contra expressões homosexuais em um período em que os discursos baseados na moralidade familiar, no saneamento e na modernidade ditavam quem eram os “anormais”. Palavras-chave: ditadura, stronismo, sexualidade, américa latina, biopolítica ...