Descrição
Ao longo de sua trajetória intelectual, o crítico Mário de Andrade sempre esteve às voltas com a ideia de engajamento artístico. Contudo a compreensão sobre o que seria uma obra de arte engajada transformou-se ao longo dos anos, sobretudo em função dos novos desafios que se colocavam tanto para a atividade artística como para a crítica, num momento de intensas transformações da vida intelectual brasileira. A intenção desse texto é delinear duas diferentes concepções de engajamento artístico presentes no pensamento de Mário de Andrade em diferentes momentos de sua atividade intelectual: o engajamento compreendido como 1- um compromisso com a formação de uma cultura brasileira autônoma – ou seja, com a superação do padrão de imitação cultural –, tarefa esta apresentada no Ensaio sobre a Música Brasileira; e como 2- um compromisso diretamente político perante os conflitos sociais, presente em algumas obras escritas no final da vida do autor, como o Café e O Banquete, e explicável em parte pelo caráter conservador do nacionalismo varguista e pela consequente desilusão com a possibilidade de uma superação do abismo social e cultural no Brasil.