Descrição
Para abordar o desafio educacional posto pela entrada de bebês e crianças pequenas na Educação Básica, proponho discutir a potência lúdica das ambivalências entre real e ficcional que envolvem o fenômeno poético de começar-se em linguagem a partir de estudos fenomenológicos pautados pela relação entre educação, arte e infância. As fenomenologias de Bachelard e Merleau-Ponty permitem esboçar resistência à clássica cisão ocidental entre corpo e mundo na disputa pela autoridade da imagem ou do conceito diante do real ao apontar a dimensão poética da arte como vigor do agir lúdico e lúcido que emerge da inseparabilidade entre ação do corpo sensível e experiência de linguagem na produção de sentidos que nos situam no mundo. Da tensão entre filosofia e poesia emerge a diferença que não permite uma esquecer a potência linguageira da outra no enigma de fazer sentido. Os bebês e as crianças pequenas mostram ao pensamento pedagógico que, talvez, a intencionalidade educativa de tornar o mundo mais humano possa coexistir com a intencionalidade de sonhar e pensar um humano mais mundano.