Descrição
O presente texto pretende discutir alguns aspectos da pesquisa em artes plásticas que se originou da decisão, há alguns anos, sobre o destino de uma série de telas a óleo que não haviam correspondido ao resultado esperado. Movida pelo desejo de “eliminá-las”, procurei, no entanto, preservar uma certa vida que pressentia nelas, iniciando, assim, o que vejo hoje como um processo de constante transformação. Cortando e recortando essas telas e em seguida dobrando, torcendo e amassando, seus pedaços foram costurados, amarrados ou unidos por ilhoses, tornando-se corpos-objetos-volumes. A partir de seus próprios fragmentos, as telas despedaçadas adquiriram então novo “direito à vida” e, por esse motivo, passaram a ser denominadas Criaturas. Dobras e pregas, por sua vez, foram constituindo, paulatinamente, extensas “colunas vertebrais” maleáveis e alguns “corpos” que apresentavam um revestimento sugestivo de peles ásperas e rugosas e que deixavam entrever uma espécie de “conjunto-bestiário”.