Descrição
Conforme asseverou o medievalista francês, Georges Duby, em uma de suas obras, as mulheres medievais foram, especialmente a partir do século XII, convidadas a depositar confiança nos prelados da igreja a fim de que pudessem ser capazes de corrigir a si mesmas. Destarte, não poucos foram os clérigos que, segundo as reflexões de Duby, se dedicaram a elaborar obras que ensinassem às senhoras e damas de seu tempo como deveriam se portar e se conduzir virtuosamente. Partindo dessa perspectiva, ainda que com o olhar voltado para outro horizonte, pretendemos, nesse artigo, mapear de que maneira Hernando de Talavera (1428-1507), clérigo atuante no contexto da corte da rainha da dinastia de Trastâmara, Dona Isabel (1451-1504), compôs um conjunto de ditos e interditos para as mulheres quatrocentistas do reino castelhano. Buscaremos, dessa forma, analisar mais especificamente quais foram as palavras dirigidas pelo prelado castelhano a duas de suas penitentes: a rainha, Dona Isabel, e uma nobre do reino chamada Dona Maria Pacheco, para que as ajudassem a modificar seus hábitos e suas condutas de acordo com as expectativas de seus contemporâneos.