Descrição
Poucos temas como os relacionados a questões identitárias foram tão amplamente explorados durante as últimas décadas no estudo do passado. A historiografia da Idade do Ferro não é uma exceção. Apesar desse cenário, reflexões críticas em torno de questões de gênero (e a interseção entre sexo, idade e atributos sociais) permanecem ainda largamente inexploradas para o estudo da Idade do Ferro nas Ilhas Britânicas e na Europa. Este artigo visa, assim, primeiramente, assinalar alguns dos perigos por trás de tais silêncios. Ele apresentará uma série de anacronismos muitas vezes projetados à Idade do Ferro em reconstruções visuais e textuais, e como tais equívocos muitas vezes se manifestam no trabalho acadêmico, não apenas no Reino Unido e na Europa, mas até mesmo em pesquisas brasileiras. Em seguida, a discussão traçará uma agenda de ação sobre como superar tais desafios e equívocos a partir de uma perspectiva epistemológica, particularmente com base em trabalhos arqueológicos bem contextualizados. Serão sugeridas, por fim, algumas bases ou diretrizes que possam ajudar estudos subsequentes a abordar questões identitárias de gênero durante a Idade do Ferro, destacando o potencial deste campo de pesquisa e como ele pode nos ajudar a construir um entendimento a respeito do passado para além de modelos e esquemas simplistas de interpretação.