Descrição
Este artigo analisa a novela “O Alienista”, de Machado de Assis, publicada periodicamente na revista A Estação, de outubro de 1881 a março de 1882, e incluída, neste mesmo ano, em Papéis avulsos. A análise visa apreender a significação que menções a fatos e figuras históricas, a autores e a obras literárias agregam à representação do contexto social do Segundo Império e à caracterização das personagens. Sob esse ângulo, relaciona a Revolução dos Canjicas com a Revolução Francesa e com a Inconfidência Mineira, além de expor as implicações dos avanços científicos na realidade cotidiana, aspectos que a novela traduz de modo satírico. Igualmente, focaliza as personagens, em especial Simão Bacamarte, para evidenciar as significações inerentes à relação dele com Hipócrates, Catão, Papa Benedito VIII, Maomé, entre outras figuras históricas. O artigo confirma a importância da intertextualidade em “O Alienista”, a qual demonstra a reflexão de Machado de Assis sobre a sociedade brasileira do Segundo Império e que ele transpõe para a ficção. Além disso, o artigo mostra a intensa inserção sociocultural de Machado e seu perfil de escritor-leitor.