Descrição
A utilização da figura do indígena como símbolo da nação no Brasil oitocentista, majoritariamente após a Independência, engendrou todo um campo artístico voltado para tal temática, fosse na literatura, fosse nas artes plásticas. Com o Segundo Reinado, D. Pedro II empenhara-se em atrelar o índio à ideia de brasilidade, preconizando que literatos, pintores, historiadores e políticos diversos dedicassem seus métiers para exaltar a pátria personificada pelo gentio. Desse modo, ora seguindo, ora subvertendo as premissas estabelecidas pelo poder constituído, a imprensa do período, na forma de ilustrações com forte apelo satírico, reconfigurava a todo instante a simbologia nacionalista assentada sobre o índio, valendo-se de seu corpo para dar materialidade aos discursos políticos veiculados nos periódicos da corte. Para tanto, o diálogo com a produção visual dos artistas da Academia Imperial de Belas Artes, sobremaneira, principalmente no pós-1870, enriquecia e intensificava o alcance de tais discursos, recortados e analisados neste artigo.