Descrição
Há um interessante processo histórico que transformou um fato histórico constrangedor – o batismo de Jesus por João, o Batista –, em uma narrativa domesticada, consolidada a partir do terceiro quartel do século III. Enquanto as narrativas textuais do século I buscavam dar conta dos possíveis constrangimentos trazidos por uma incômoda lembrança contida na memória do batismo de Jesus (especialmente aquela relacionada ao arrependimento dos pecados), a ação da autoproclamada ortodoxia cristã, a partir do século II, foi o de garantir a sua domesticação, transformando o batismo de João num ritual que significava a morte e o renascimento para uma nova vida cristã.