Descrição
A Psicologia Cognitiva e a Neurociência contemporânea vêm comprovando, nas últimas décadas, que nossas inferências intelectuais são produzidas pelo mesmo aparelho cognitivo, pela mesma arquitetura neuronal que usamos em nossas ações perceptivas e corporais. Ou seja, nesse contexto, não haveria possibilidade de existência de uma mente separada e independente das competências corporais. A razão usaria essas mesmas competências para constituir seus produtos. Assim sendo, nosso sentido do que é real teria origem nas ações do nosso corpo enquanto unidade formada pelo aparato sensório-motor e o cérebro. Enfim, nossos sentidos são incorporados. Neste artigo, proponho discutir a emergência da experiência incorporada como fundamento da semântica musical. Começo por rever os antecedentes de uma semântica cognitiva do entendimento musical e pretendo sustentar a hipótese da validade da projeção de nossas estratégias linguísticas na investigação do sentido musical.