Descrição
O artigo discute os principais enunciados do que se convencionou chamar como História Global, campo de estudos em curso desde a década de 1990 interessado na reformulação teórico-epistemológica da História. Repercutindo a nova globalização acelerada desde a década de 1970, a História Global tem embasado sua crítica ao eurocentrismo e ao nacionalismo metodológico presentes na produção historiográfica geral, em favor do retorno à história explicativa sobre a multiplicidade dos grandes processos históricos e a valorização de conexões transnacionais a partir de vastos espaços e longas durações. Meus objetivos são problematizar alguns dos limites desta pretensa novidade teórico-metodológica, contrapondo-a a proposição da Micro-História sobre a variação das escalas de análise, e considerar algumas de suas reais contribuições ao debate historiográfico. Para desenvolvê-los, aplicarei a discussão às questões relacionais da nacionalidade, cidadania, imigração e acesso à terra no Brasil durante o século XIX. Fá-lo-ei a partir de uma única amostra documental, um abaixo-assinado de 1886 de trabalhadores rurais do município de Tubarão, província de Santa Catarina. Problematizarei a representatividade de uma fonte específica para a construção de narrativas históricas acerca de temas de experiência global.