Descrição
A noção de imagem encenada é aqui colocada em perspectiva no plano teórico e histórico. No plano histórico, trata-se de mostrar como a encenação da fotografia corresponde a uma história do "tableau vivant" desde o século XIX. Contrariamente ao que se costuma pensar, a fotografia posada não é o resultado das exigências técnicas da duração da pose. Não se trata de um arcaísmo, mas sim de uma estética onde o fotógrafo pensa o espaço da representação como uma espécie de palco de teatro sobre o qual os modelos vêm atuar. Assim, a estética da imagem encenada repousa sobre uma ideia de imagem na qual o fotógrafo é reduzido à função de operador e onde o espectador é colocado em contato com o palco através de uma espécie de tela neutra. Não se trata verdadeiramente de um “gênero”, mas de uma fotografia antimoderna, rejeitando o naturalismo e as aplicações da fotografia à informação. Mais fundamentalmente, a imagem encenada nos lembra que a relação entre fotografia e teatro, intuída por Roland Barthes em "A câmara clara", repousa sobre uma problemática simétrica: o teatro a partir das teorias de Diderot até Jean-Paul Sartre foi pensado como uma imagem.