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“O branco não tem panela para nos cozer”: eco popular dos movimentos pan-fricano e nacionalista no sul de Moçambique||“O branco não tem panela para nos cozer”: eco popular dos movimentos pan-fricano e nacionalista no sul de Moçambique
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Metadados
Descrição
O racismo e a desigualdade social experimentados por povos negros na África e diáspora suscitaram a emergência de um movimento pan-africanista. Nesse sentido, suas orientações filosóficas contribuíram no desencadeamento de processos de libertação nacional em diferentes países africanos entre os anos 50 e 70. Por isso, intelectuais daquele continente desempenharam um papel significativo nesses movimentos. Enquanto pensadores e ativistas políticos demonstraram ser indissociável o ser acadêmico do militante, o ser científico do político e o ser objetivo do subjetivo. Em termos da África Austral, intelectuais como Július Nyerere e Eduardo Chivambo Mondlane entraram para a história. Tais intelectuais foram exemplos daquela combinação, cujo empenho não se deve exclusivamente às influências estrangeiras, mas também às experiências pessoais de anônimos na história, provavelmente vitais para o processo de construção destas lideranças. Estes intelectuais políticos foram, por vezes, o eco de experiências das suas comunidades de origem. Em uma relação recíproca de inspiração e conivência, atores e atrizes destas comunidades atuaram enquanto coparticipantes nos processos de transformação, de modo coletivo ou individual. Pessoas que, apesar de não terem “alisado o banco da ciência”, demonstraram-se donas de uma sabedoria propiciadora de uma visão simples e profunda da vida, capaz de despertar a tomada de consciência e o encorajamento de outros no processo de transformação de uma dada realidade social. De modo que, alguns intelectuais foram e outros continuam sendo porta-vozes contemporâneos destas experiências e saberes. Neste artigo, ao invés de acompanhar a trajetória de um destes intelectuais, observando sua interação com a comunidade, demonstro expressões populares de pan-africanismo e nacionalismo no sul de Moçambique. Tais expressões, que ora superaram o status de uma reprodução do discurso dos intelectuais ora não, julgo terem contribuído com o processo de conscientização e manutenção da esperança de vitória sobre o colonialismo.||Racism and social inequality experienced by black people in Africa and the diaspora caused the emergence of a pan-Africanist movement. In this sense, their philosophical orientations contributed to the development of national liberation movements in different African countries from the 1950s to the 1970s. African intellectuals played a significant role in these movements, as thinkers and activists that showed the inseparability of being an academic and an activist, a scientist and a politician, objective and subjective. In Southern Africa, intellectuals such as Július Nyerere and Eduardo Chivambo Mondlane entered history. These intellectuals were examples of that combination, whose endeavors were not due solely to foreign influences, but also to the personal experiences of anonymous history, vital to the process of building these leaders. These political intellectuals were, sometimes, the echo of the experiences of their communities of origin. Regarding mutual inspiration and collusion, actors and actresses of these communities acted, thus, as co-participantes in the process of transformation, collective or individual.These were people who, despite not having " alisado o banco da ciência " showed ownership of wisdom and deep and simple insight into life, and were able to arouse the awareness and encouragement of others in the process of transformation of the given social reality. Therefore, some intellectuals were and others continue to be spokespersons of these contemporary experiences and knowledge. In this article, rather than follow the path of one of these intellectuals, observing the interaction between this and their community, I demonstrate popular expressions of nationalism and pan-Africanism in southern Mozambique that sometimes surpassed the status of a reproduction of the discourse of intellectuals sometimes did not, which, I believe have contributed to a process of awareness and maintenance of hope in the victory over colonialism.
Periódico
Colaboradores
DADO AUSENTE NO PROVEDOR
Abrangência
DADO AUSENTE NO PROVEDOR
Autor
Santana, Jacimara Souza
Data
6 de agosto de 2013
Formato
Identificador
https://www.revistas.usp.br/sankofa/article/view/88913 | 10.11606/issn.1983-6023.sank.2013.88913
Idioma
Direitos autorais
Copyright (c) 2014 Sankofa (São Paulo)
Fonte
Sankofa (São Paulo); v. 6 n. 11 (2013); 96-114 | 1983-6023
Assuntos
Nacionalismo | Pan-Africanismo | População | Moçambique | Nationalism | Pan-Africanism | Population | Mozambique
Tipo
info:eu-repo/semantics/article | info:eu-repo/semantics/publishedVersion