Descrição
A empática ressonância entre a canção e o cinema fornece um manancial expressivo para a exploração de diferentes imbricações entre a dramaturgia, os ritmos pictóricos e o universo da palavra cantada nos filmes. Este artigo examina a singularidade formal da canção e sua consubstanciação criativa entre as sonoridades, a visualidade e a narrativa cinematográficas. O debate teórico é apoiado pelas ideias de Michel Chion acerca de como a canção diversifica o prisma expressivo do cinema e o conceito de ritornelo desenvolvido por Gilles Deleuze e Félix Guattari (1997) para se conceber a escuta cinematográfica da canção como uma implicação de ritmos do tempo – memórias e devires – materializados como ritmos da imagem, das sonoridades, da ficção e da palavra cantada.||The empathic resonance between the song and the cinema has provided a significant source for the exploration of different imbrications between fiction, pictorial rhythms and the universe of singing in the movies. This article examines the formal singularity of the song and its creative consubstantiation among other sounds and the cinematographic narrative. The theoretical discussion is supported by the ideas of Michel Chion about how the song diversifies the expressive prism of the cinema and the concept of ritornello developed by Gilles Deleuze and Félix Guattari (1997) as to conceive the cinematographic listening of the song as an implication of rhythms of time – memories and “becomings” – materialized as rhythms of image, sonorities, fiction and the singing word.