Descrição
A construção de Brasília foi a meta-síntese – a 31ª – e, portanto, a mais nítida representação do Plano de Metas de Juscelino Kubitschek. Essa empreitada e a consequente mudança da capital da União constituíram a inflexão que desembocou nas grandes transformações realizadas em chão goiano no séc. XX. Por um lado, com Brasília, os sertões do Planalto Central converteram-se, nominalmente, em região de Cerrado; por outro, o ermo incomunicado passou a ser um epicentro de vias de comunicação que integravam o território nacional e, além disso, o que, no campo do imaginário nacional, era só o espaço em que senhoreavam os caipiras acabou sendo dominado pelo escol da política nacional e do corpo diplomático estrangeiro, por uma elite funcionalista federal e pela intelligentsia, logo da ação, é claro, dos candangos que receberam a reencarnação contemporânea do bandeirismo. Simbolicamente, o presidente que almejava uma nova capital que significasse a projeção das marcas da modernidade litorânea no Centro-Oeste chega, do Rio, pela primeira vez – outubro de 1956 –, ao sítio escolhido para os fins, de avião, sem fazer escala em Goiânia e havendo traçado no ar, junto a Oscar Niemeyer, o local do núcleo pioneiro. Factualmente, a criação de Brasília aconteceu sem alterar em nada a estrutura agrária em Goiás; isto é, o maior projeto urbanístico e arquitetônico, e presumivelmente, civilizacional, efetivado no Brasil na década (Continua...)