Descrição
Observando uma questão essencial à poética properciana, a saber, a constituição de personas poéticas no interior de suas coleções, o presente trabalho ocupa-se, a partir de exercícios de tradução, de verificar como no primeiro livro de elegias de Propércio – o Monobiblos – o poeta elegíaco opera seus interlocutores poéticos – tu e uos – a fim de delimitar não só a recepção poética apta ou decorosa como também a fim de operar um diálogo intergenérico nas elegias em favor do próprio gênero elegíaco romano, contaminando sua forma e conteúdo, sua res e uerba, com espécies e gêneros poéticos diversos ao da elegia romana, ainda que confins a ela, isso afora ser o mesmo mecanismo de construção poética capaz de estabelecer conexões entre o fazer poético fundado na fictio e na vida cotidiana romana.