Descrição
O objetivo deste artigo é refletir sobre o processo de construção da memória e da identidade durante a entrevista jornalística. Parte-se de conversas com dois octogenários sobre um episódio de violência vivenciado por eles durante a infância; e chega-se ao presente, quando, por meio da linguagem, elaboram o passado diante de si e do entrevistador. Neste percurso da memória, o silêncio e o esquecimento são informações importantes para se compreender a forma como eles constroem sua identidade ao narrar sua trajetória; assim como a escolha dos pronomes pessoais e a seleção de determinadas palavras para se referir a si. Apesar do passado comum, os fatos narrados se distinguem e se complementam, reforçando a ideia de que a memória é um fenômeno permeado por disputadas, que se constrói no presente.