Descrição
Quando o assunto é o Estado Novo e envolve o mundo do trabalho, a tradição historiográfica se pauta, em geral, pelo que Mikhail Bakhtin denominou “hábitos monológicos”. Tudo parece se passar como se fosse possível apagar os sinais que nos levariam a captar vozes destoantes do grande coro da suposta unanimidade nacional orquestrada pelo regime. Perde-se de vista que, mesmo sob uma férrea ditadura, os domínios da vida político-social sempre operam como campos de forças, segundo Pierre Bourdieu e E. P. Thompson. Sob tal ótica, este artigo se propõe a contribuir para renovar o olhar e adensar o conhecimento em torno do Estado Novo, tomando como mote vozes dissonantes que se fizeram ouvir sobre o universo do trabalho na área da música popular, especialmente do samba. Pretende-se, assim, estimular a complexificação daquilo que habitualmente é ensinado nas escolas.Palavras-chave: música popular; mundo do trabalho; Estado Novo.