Descrição
Este artigo explora a noção de re-estrangeirização – i.e. a restauração de uma obra literária que não se intentava que se tornasse mainstream (mas que, com o tempo se tornou um clássico) à sua estrangeiridade original. Essa noção é explorada através da referência específica à nova tradução italiana do Ulysses de James Joyce, voltada a uma cultura receptora que difere não só geograficamente mas também diacronicamente da cultura para a qual o original foi escrito. A tradução italiana sobre a qual nos detemos foi completada recentemente por Enrico Terrinoni, em colaboração com Carlo Bigazzi, e na época da escrita deste artigo é a única retradução integral do livro, após a de Giulio De Angelis (1960). Nosso artigo está dividido em duas partes: na primeira discutimos a noção de retradução e os problemas relacionados a ela. Na segunda apresentamos diversos exemplos específicos de como o potencial estrangeirizador do Ulysses veio à tona uma vez mais na tradução de Terrinoni.