Descrição
Meu amigo, Tenho diante de mim os ensaios destinados a este livro, e me pergunto: devem-se publicar trabalhos desta ordem, pode surgir deles uma nova unidade, um livro? Pois o que importa para nós agora não é o que estes ensaios possam oferecer como estudos “históricoliterários”, mas tão-somente se há algo neles que possa conferir-lhes uma forma nova, peculiar, e se esse princípio é o mesmo em todos eles. O que vem a ser essa unidade, se é que ela existe? Eu não procuro de maneira nenhuma formulá-la, pois não é de mim nem de meu livro que se trata aqui; é uma questão mais importante e mais geral que temos diante de nós: a questão da possibilidade de uma tal unidade. Em que medida os escritos verdadeiramente grandes que pertencem a essa categoria têm uma forma, e em que medida essa sua forma é autônoma; em que medida o modo de ver e sua configuração subtraem a obra do campo das ciências e a colocam ao lado da arte sem, contudo, apagar as fronteiras entre ambas; conferem-lhe a força necessária para uma reordenação conceitual da vida e, no entanto, a mantêm distante da perfeição gélida e definitiva da filosofia. Esta é, porém, a única apologia profunda possível de tais escritos e simultaneamente também sua crítica mais profunda; pois é com a medida que aqui se estabelece que eles serão medidos pela primeira vez, e a determinação deste objetivo mostrará pela primeira vez o quanto eles ficaram distante dele.