Descrição
A partir da noção de sujeito nas ciências em geral e na linguística, em particular, este artigo pretende mostrar que, no romance Budapeste, a questão do sujeito emerge singularmente a partir do sistema do duplo, da negação em aceitar jogar o seu jogo de opostos, já que, ao ficcionalizar a questão do duplo, o romance reside não propriamente neste último, mas no desafio de superá-lo. No jogo enunciativo da narrativa, o sujeito inscreve e encena a sua fissura, como o lugar da alteridade, ou da linguagem sem reificação. Ao lidar com o sistema do duplo, encontramos o jogo do mundo no jogo da língua e nos deparamos não com um sujeito de enunciação, mas com uma constelação polifônica de sujeitos, um coral de ventríloquos, que em suas relações ficcionais uns com os outros, fazem emergir questões históricas, sociais e ideológicas que os atravessam, assim como a própria literatura.