Descrição
Este artigo pretende abordar como participantes da cena de música experimental de São Paulo realizam práticas terapêuticas através das performances que ali acontecem. A terapia consistiria no uso da música como mediadora para uma busca pelo transe, intencionando tratar estados como a ansiedade ou a condição patológica que o blasé citadino pode gerar. Esses males, como dizem, são ocasionados pelo ethos dessa cidade, vetor que lhes impõe a necessidade de adaptação a um modo de vida que não compactuam. Por fim, considera-se que o grau de proximidade entre o performer e o público é relacionado ao grau da eficácia do tratamento pretendido e, a partir da reflexão sobre esse grupo e uma rápida comparação com outros, sugere-se que formas de tratamentos como essa podem ser recorrentes entre populações marginalizadas, permitindo-lhes uma forma de insistir em um modo de vida paralelo ao ethos predominante.||This article addresses how participants of the experimental music scene in São Paulo perform therapeutic practices through the performances that occur there. The therapy consists in using music as a form of mediation in search of trance, to treat states such as anxiety or urban blasé demeanor, which can become a problem. These “maladies” are caused by the city ethos, a vector that imposes the need to adapt to a way of life they disagree with. Finally, the degree of proximity between the performer and the public affects the degree of efficacy of the intended therapy, inferring that treatments like these can be recurrent among marginalized groups, allowing them to insist on a way of life parallel to the predominant ethos.