Descrição
A partir do conceito de que o processo de adaptação extrapola as relações entre texto-fonte e texto-adaptado, discorro sobre Uma Janela para o Amor (1985), filme de James Ivory, adaptado do romance Um Quarto com Vista (1908), de E. M. Forster. Considero brevemente alguns conceitos e perspectivas recentes sobre adaptação e transmidialidade presentes em Rajewsky (2012), Hutcheon (2013) e Schober (2013), com destaque para a ideia de que mídias, textos, contextos cultural, de produção e recepção estão conectados em uma rede complexa e dinâmica, aberta a associações momentâneas. A análise enfoca o recurso ao discurso sobre as artes para problematizar as estruturas de dominação entre os gêneros no romance de Forster, e as diversas expressões artísticas, como pintura, ilustração, música e cinema mudo, que cumprem função dupla no filme de Ivory. Além de reconfigurar o texto de Forster a partir de experiências e visões do diretor, tal recurso tornou-se uma convenção de gênero dos filmes de herança, relacionado às condições materiais dos realizadores, como os baixos orçamentos.