Descrição
Discute-se, com base na noção de “educação inclusiva”, as dificuldades de aprendizagem e inadaptação escolar de crianças e adolescentes institucionalizados por medida protetiva de abrigo. Pressupõe-se que os significados e sentidos atribuídos por esses indivíduos a suas vivências no tempo/espaço escolar contribuem para a compreensão dos comportamentos desafiadores pelos quais eles são negativamente discriminados, tanto na escola como fora dela. Os preceitos teórico-metodológicos da pesquisa (auto)biográfica e da Antropologia visual apoiaram a produção de narrativas videobiográficas, roteirizadas pelas crianças e adolescentes, como autores, em torno das experiências de vida, antes e durante o acolhimento institucional. Destacam-se aqui, para análise, as narrativas audiovisuais que tomaram a ambiência escolar como contexto para as grafias de si. Os resultados sinalizam a necessidade, na escola, de uma escuta que atente para a riqueza humana e temporal dos trajetos desses meninos e meninas, com sensibilidade às táticas, resistências e valores por eles convocados na arte de viver a singularidade de suas exclusões, marcadas socialmente pela vulnerabilidade e o risco.