-
Vitalidades sensuais: modos não corpóreos de sentir e conhecer na Amazônia indígena
- Voltar
Metadados
Descrição
Yanesha people of eastern Peru would agree with Aristotle and St. Thomas Aquinas in that knowledge can only be achieved through sense perception. They would, however, disagree on what exactly "sense perception" means. In the Western tradition the senses are considered to be the "physiological" modes of perception. We can only know, it is asserted, through the body and its senses: sight, hearing, smell, touch, and taste. In contrast, Yanesha people view bodily senses as imperfect means of knowing, unable to grasp the true, spiritual dimension of the world. Only one of the non-corporeal components of the self, yecamquëñ or "our vitality", is endowed with the sensory faculties that allow for a correct perception, and thus for the possibility of "true" knowledge. It is for this reason that, from a Yanesha point of view, vitalities are sensual, whereas bodies are considered to be somewhat insensible. This article explores Yanesha non-corporeal modes of sensing and knowing, as well as their theories of perception and sensual hierarchies. My purpose is to advocate for a renewed anthropology of the senses in Amazonian studies, as well as to propose a critical revision of the notion of Amerindian perspectivism. || Os Yanesha da Amazônia peruana concordariam com Aristóteles e São Tomás de Aquino: só se pode chegar ao conhecimento pela via da percepção sensorial. Yanesha e filósofos, entretanto, não entrariam em acordo quanto ao que, exatamente, significa "percepção sensorial". Na tradição ocidental, os sentidos constituem a dimensão "fisiológica" da percepção. Só podemos conhecer, afirma-se, por meio do corpo e dos sentidos: visão, audição, olfato, tato e paladar. Os Yanesha, por outro lado, consideram os sentidos corporais como meios de conhecimento imperfeitos, incapazes de apreender a dimensão verdadeira, espiritual, do mundo. Apenas um dos componentes não corpóreos da pessoa, yecamquëñ - ou "nossa vitalidade" -, é dotado das faculdades sensoriais que possibilitam uma percepção correta e, com ela, um conhecimento "verdadeiro". É por isso que, do ponto de vista yanesha, as vitalidades são sensuais, ou sensoriais, ao passo que os corpos, em certa medida, são insensíveis. Este artigo trata dos modos não corpóreos de sensorialidade e conhecimento dos Yanesha, assim como de suas teorias da percepção e de suas hierarquizações dos sentidos; com ele, meu propósito é defender uma renovada antropologia dos sentidos no âmbito dos estudos amazônicos, propondo uma revisão crítica da noção de perspectivismo ameríndio.
ISSN
1678-9857
Periódico
Autor
Santos-Granero, Fernando
Data
1 de janeiro de 2006
Formato
Identificador
https://www.revistas.usp.br/ra/article/view/27231 | 10.1590/S0034-77012006000100004
Idioma
Fonte
Revista de Antropologia; v. 49 n. 1 (2006); 93-131 | Revista de Antropologia; Vol. 49 No. 1 (2006); 93-131 | Revista de Antropologia; Vol. 49 Núm. 1 (2006); 93-131 | Revista de Antropologia; Vol. 49 No 1 (2006); 93-131 | 1678-9857 | 0034-7701
Assuntos
Amazônia | Peru | Yanesha | pessoa | percepção sensorial | perspectivismo | Amazonia | Peru | Yanesha | personhood | sensory perception | perspectivism
Tipo
info:eu-repo/semantics/article | info:eu-repo/semantics/publishedVersion