Descrição
O objetivo deste trabalho é discutir as visualidades das práticas cotidianoritualísticas
da comunidade religiosa Vale do Amanhecer (DF) e seu contexto
sócio-cultural, tendo como principal referencial teórico a Cultura Visual. O Vale
do Amanhecer foi criado e consolidado a partir das clarividências de sua
fundadora, Neiva Chaves Zelaya, a Tia Neiva, e destaca-se por seu sincretismo
de crenças e símbolos, e por sua peculiar visualidade, potencializada,
principalmente, nos diversos espaços ritualísticos e nas indumentárias
utilizadas por seus adeptos. O estudo aqui proposto enfatiza os processos de
constituição dos componentes expressivos e estetizantes da ação sócioreligiosa,
considerados como fontes dos referenciais identitários do grupo. A
comunidade, cuja organização sócio-cultural é pautada pelo sagrado, data mais
de quatro décadas de existência e é um dos pólos de turismo místico do
Planalto Central. A partir de sua visão de mundo, configura uma territorialidade
marcada por uma exacerbação visual, dotada de uma forte plasticidade e de
uma estética peculiar. As práticas ritualísticas, dramatizadas por seus adeptos,
diariamente, na comunidade, re-atualizam a história local, interpenetrando na
vida cotidiana e reafirmando a identidade e a memória coletivas do grupo.